sexta-feira, 17 de janeiro de 2020


De Henry Miller a Al Berto:
a graciosidade do caos literário que sufoca
os ansiosos nós de cabelo magenta
e me perturba os sonhos órfãos…
Rostos e figuras anónimas projectam-se
num caleidoscópio à deriva.

As palavras como legado
asfixiam e confundem a mente…
A não-fecundação torna-se emotiva.

E assim:
observar a cicatriz, insistir no passado.
Um minúsculo fio de cabelo roça na ferida,
enquanto o papel corta,
meticulosamente,
uma impressão digital.

Não, não vale a pena interpretar
o confronto,
as linhas da mão;
a quiromancia não oferece vales de desconto.

Nós próprios, pobres vultos,
escrevemos e calejamos
linhas do passado:
as que previnem o futuro.
Tudo se desenrola sob a nossa
visão-nostradamus,
cega visão,
sentido não-académico,
desprovido de escola.

A raça humana continua
a descontínua
pro-criação.
Onde estão as sereias?
Os faunos?
Os unicórnios?
Saudosa dos céus versicolores da infância…


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